O Brasil enfrenta um horizonte desafiador para o abastecimento de água até 2050. Segundo estudo do Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria EX ANTE, o país sofrerá em média 12 dias de racionamento anual, enquanto regiões como partes do Nordeste e Centro-Oeste podem ultrapassar 30 dias sem água nos sistemas de distribuição.
O cenário é resultado da combinação de fatores econômicos e climáticos. A temperatura máxima deverá aumentar aproximadamente 1º Celsius até 2050, enquanto a temperatura mínima terá um acréscimo estimado de 0,47º Celsius, além da redução no número de dias chuvosos e precipitações mais fortes.
A PRESSÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
Na média das cidades brasileiras, as tendências climáticas indicam uma restrição de oferta de água de 3,4% ao ano. Além disso, devido aos aumentos de temperatura, o consumo de água deve crescer 12,4% adicionalmente aos fatores econômicos.
Considerando um crescimento de PIB de 2,7% ao ano e o atual índice de perdas na distribuição, a demanda futura de água até 2050 exigiria um aumento de 59,3% em relação à produção de água tratada em 2023. Esse incremento é substancial e representa um desafio infraestrutural significativo para o país.
O DESPERDÍCIO COMO OPORTUNIDADE
Há, porém, uma saída factível dentro do próprio sistema. Em 2023, o desperdício de água tratada superou a cifra de 7 bilhões de metros cúbicos, volume que seria suficiente para suprir a demanda adicional estimada até 2050, sem causar pressões adicionais sobre os mananciais.
Caso as perdas fossem reduzidas para um índice de 25%, a necessidade de produção de água diminuiria em 2,138 bilhões de m³, comparada ao cenário em que as perdas permanecem nos atuais 40,3%. Essas perdas são causadas principalmente por vazamentos na rede de distribuição e pelo consumo não autorizado de água.
DISPARIDADES REGIONAIS E IMPACTOS NA SAÚDE
O impacto das mudanças climáticas será desigual no território nacional. Regiões que já enfrentam desafios hídricos terão situações ainda mais críticas. Onde a precipitação média e o número de dias de chuva já são menores – como em partes do Nordeste e do Centro-Oeste – espera-se que os racionamentos superarão 30 dias, com consequências graves na saúde e na qualidade de vida da população.
AÇÕES URGENTES NECESSÁRIAS
O relatório deixa claro que a situação exige ação imediata. As mudanças climáticas projetadas até 2050 devem acentuar os desequilíbrios entre a oferta e a demanda de água, intensificando a aridez de diversas regiões e ampliando o semiárido brasileiro.
Para Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil, a priorização do tema é essencial. O caminho para um 2050 com água para todos passa pela redução imediata das perdas no sistema de distribuição e pelo planejamento sustentável da gestão dos recursos hídricos. Sem essas medidas, as consequências para a saúde pública e a qualidade de vida dos brasileiros serão severas, especialmente nas regiões que já lidam com escassez hídrica crônica.
▶️🛜Siga nossas redes sociais: Youtube | Instagram | X (antigo Twitter) | Facebook | Threads | Bluesky
Veja a reação do público com a apresentação da Orquestra Blumenau Filarmônica durante a Oktoberfest





