Ausências no trabalho, irritabilidade e dificuldade de concentração são sintomas da Síndrome de Burnout

 

Por Juliano Zanotelli

O envolvimento exagerado e permanente em atividades de trabalho ou estudo pode levar uma pessoa a um estresse intenso e constante denominado de Síndrome de Burnout, também chamada simplesmente de Burnout. De acordo com o psiquiatra associado na Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), Renan Rocha, trata-se de uma condição médica reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e descrita de modo objetivo como um “estado de exaustão vital”.

“Sua principal característica é a tensão psíquica crônica relacionada a situações ocupacionais desgastantes, seja no trabalho ou nos estudos, que provoca atitudes negativas no dia-a-dia”, destaca o psiquiatra.

Segundo Rocha, frequentemente, ocorre sensação de distanciamento emocional, na qual existe uma redução na empatia por outra pessoa e algum grau de insensibilidade involuntária. A percepção da eficácia no desempenho do trabalho ou estudo também diminui. “ De fato, Burnout causa prejuízos na qualidade e na produtividade das atividades. Tornam-se mais comuns as ausências no trabalho ou a presença com menor competência, a irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, pessimismo e baixa autoestima”, explica.

Burnout manifesta-se principalmente em pessoas cuja ocupação exige envolvimento mais direto e intenso com outras pessoas. Algumas atividades são particularmente expostas a Burnout, como estudantes e professores universitários, médicos, enfermeiros e advogados.

A prevalência é significativa: as pesquisas indicam que cerca de 15% dos estudantes de Medicina apresentam Burnout, por exemplo. Dentre os principais fatores de risco para Burnout está o perfeccionismo.

O perfeccionismo entende que aquilo que foi feito pelo indivíduo poderia ser sempre melhor e que – por causa desta compreensão muito específica – os resultados obtidos no trabalho ou nos estudos são considerados sempre insatisfatórios.

Assim, de acordo com Rocha, surgem sentimentos crônicos de dúvidas sobre as próprias capacidades. Consequentemente, mesmo que as evidências de competências existam, falta um adequado reconhecimento íntimo delas ou de conquistas prévias e de habilidades adquiridas. Portanto, o sentimento de frustração é recorrente, mesmo que os esforços sejam grandes e existam progresso e desempenho significativos.

Para o diagnóstico da síndrome, deverão ser conhecidas e analisadas minuciosamente a história individual e o envolvimento no trabalho ou na vida acadêmica, dentre outros tipos de avaliações que podem ser necessárias.

Os principais tratamentos são psicoterapia e medicamentos, de acordo com as particularidades de cada indivíduo.

“O desconhecimento a respeito da Síndrome de Burnout faz com que, infelizmente, algumas pessoas acabem por desistir de importantes atividades ou utilizem o consumo de álcool, cigarro e outras drogas para tentar atenuar os sintomas e sinais ansiosos e depressivos que pode estar presentes”, completa Rocha.