A audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (16/10/25) na Câmara de Vereadores de Blumenau expôs, mais uma vez, um problema que ultrapassa gestões e se repete há décadas: o uso recorrente de recursos previdenciários para cobrir desequilíbrios fiscais. Convocada a partir de requerimento do vereador Professor Gilson de Souza (União Brasil), a reunião teve como foco os impactos do parcelamento e reparcelamento das dívidas da Prefeitura e da FURB com o Instituto Municipal de Seguridade Social dos Servidores (ISSBLU).
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A discussão, transmitida pela TV Legislativa e pelo canal da TVL no YouTube, mostrou que o tema está longe de ser apenas técnico. Ele envolve decisões políticas, prioridades orçamentárias e a relação de confiança entre o poder público e os servidores. Ao final do encontro, definiu-se por uma reunião entre o prefeito Egidio Ferrari, representantes do ISSBLU, da FURB, de sindicatos e de servidores, em busca de alternativas que evitem novos parcelamentos e garantam o pagamento regular das contribuições previdenciárias.
Durante o debate, o coordenador do Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público (Sintraseb), Sérgio Bernardes, fez um resgate histórico do problema. Segundo ele, o hábito de recorrer ao caixa do ISSBLU começou ainda nos anos 1990, durante a gestão do então prefeito Victor Sasse, e acabou se tornando uma prática repetida por sucessores. Bernardes foi enfático ao afirmar que, apesar de o discurso do Executivo ser de dificuldades financeiras, a receita municipal cresceu acima da inflação nos últimos seis anos — argumento que, para ele, desmonta a justificativa de tratar o instituto como um “banco de socorro”.
Representando a FURB, o professor de economia e coordenador de projetos Nazareno Loffi Schmoeller trouxe uma perspectiva diferente, mas complementar. Ele reconheceu que a universidade atravessou um período crítico, quando o número de alunos caiu de 7.500 para 5.500, comprometendo o caixa e levando à suspensão temporária da cota patronal ao ISSBLU. No entanto, segundo Schmoeller, o cenário vem se invertendo: a instituição já ultrapassa 7 mil alunos e desenvolve novos projetos que devem permitir a regularização gradual dos repasses.
As falas refletiram duas dimensões do mesmo problema. De um lado, o desafio de manter as contas públicas equilibradas sem recorrer ao fundo previdenciário. De outro, a necessidade de garantir a sobrevivência de instituições públicas estratégicas, como a FURB, em meio a oscilações financeiras. O ponto em comum é a urgência de uma solução sustentável, que não dependa de medidas paliativas.
Ao avaliar o encontro, o vereador Professor Gilson destacou que o debate mostrou a importância de tratar a previdência dos servidores como tema central da política pública. “Blumenau ainda está atrasada na atenção aos aposentados. O que queremos é garantir pagamentos em dia e encerrar o ciclo de parcelamentos”, afirmou.
O encaminhamento final — a busca por um diálogo direto com o Executivo — representa um passo político mais do que administrativo. Indica que o Legislativo tenta se posicionar não apenas como mediador, mas como agente de cobrança e transparência num tema sensível, que toca tanto o futuro financeiro do município quanto a confiança de quem dedicou uma vida ao serviço público.
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