A história do blumenauense que foi convidado para trabalhar na rádio por um senador

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Fotos e entrevista: Claus Jensen

O jornalista, radialista, repórter e apresentador de TV Alexandre Pereira é um rosto conhecido pelo seu trabalho na RIC TV Record. No ano passado assumiu a presidência da Assimvi, Associação da Imprensa do Médio Vale do Itajaí, com a missão de unir todos os veículos, nas diferentes plataformas.

Galo, como é conhecido pelos amigos, nasceu em Blumenau, mas viveu sua infância no bairro Bela Vista em Gaspar. Nesta entrevista ele conta um pouco de sua história pessoal, desde a época em que foi convidado para trabalhar em uma rádio por um senador. Aliás, foi através da rádio, sua paixão, que surgiram as grandes oportunidades, uma delas, graças ao atual prefeito.

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OBlumenauense: Quando você iniciou na carreira de comunicação?

Alexandre Pereira: Foi em março de 1998, na rádio Nereu Ramos, a convite do senador Evelásio Vieira, o Lazinho. Ele conhecia o meu avô e avisou que tinha uma vaga para sonoplasta. Consegui o emprego e trabalhar como operador de áudio foi a melhor experiência para quem estava começando. Eu ficava prestando atenção na atuação dos locutores e depois de um tempo, surgiu o convite para fazer um programa musical no sábado à noite. Na época entrei no lugar do Napoleão Bernardes, que era candidato pela primeira vez a vereador e por causa da questão eleitoral, teve que sair. Era o “Sábado Total”, um programa com músicas e promoções, que eu conduzia junto com três operadores de áudio.

Ainda na Rádio Nereu, surgiu um convite para ser repórter de campo, no programa “Plantão Esportivo”, onde também narrei jogo. O narrador era o Rodolfo Sestrem, que contava na equipe com Amilton Cunha, o falecido Erivaldo Borba, Alexandre José nas reportagens, Vilmar Minozzo e o Luciano Silva. Mais tarde apresentei o programa “Panorama Esportivo” que passava das 18h às 19h na Rádio Nereu. Com o falecimento do Sestrem, substituí ele no “Dia a Dia”. Após 10 anos na rádio Nereu Ramos, veio o convite para trabalhar na Rádio Blumenau onde fiquei cerca de dois anos. Quando faleceu o radialista Enei Mendes na Rádio Clube de Blumenau, fui convidado para substituí-lo e apresentar o “Bom Dia Cidade”.

OBlumenauense: E na televisão, quando surgiu a oportunidade?

Alexandre Pereira: Eu sempre tive o sonho de trabalhar em televisão, mas sem largar minha paixão que é o rádio. A oportunidade surgiu em 2006, através do vereador Jens Mantau, com quem eu trabalhei como operador de rádio na Nereu Ramos. Ele me avisou sobre uma vaga na TV Legislativa. Fui lá, conversei e fiquei na emissora durante 2 anos. Foi uma baita escola. Comecei na reportagem, depois apresentei um programa de entrevistas chamado “TV na Comunidade” e também o telejornal.

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Nesse meio tempo, meu trabalho despertou o interesse da RIC TV, foi quando saí da TVL. Essa mudança representou um grande crescimento na minha carreira profissional e abriu muitas possibilidades. Fui contratado para fazer reportagens e apresentar eventualmente o “Jornal do Meio Dia”, que era onde eu sempre sonhei em estar. Hoje me considero uma pessoa satisfeita.

OBlumenauense: Tem planos de uma carreira estadual ou nacional dentro do jornalismo?

Alexandre Pereira: Nacional sim. Hoje estou na Rádio Clube onde apresento o meu jornal “Bom dia Cidade”, das 6h30min às 8h, e estou bem satisfeito. Tanto a direção da empresa quanto a equipe me dão todo o suporte e liberdade. No grupo RIC, a maioria das reportagens que eu faço são da área policial e às vezes apresento o “Jornal do Meio”, um sonho. Estou muito feliz com aquilo que eu faço hoje. Mas se aparecer uma oportunidade em São Paulo, claro, aceitaria.

OBlumenauense: A área policial é a que você mais gosta?

Alexandre Pereira: Sim. Desde a época na rádio, onde fazia a unidade móvel, eu sempre tive um relacionamento muito bom com os policiais da região. Quando você faz esse tipo de trabalho (reportagem) tem que ter uma relação de confiança, porque tem muita coisa que você sabe, mas tem que saber a hora de soltar também. Por isso é que eu também me sinto mais a vontade além de ser uma área que eu acho mais interessante. Tem gente que gosta de política, outros de esporte, e assim por diante. Apesar de cobrir estas outras áreas também, mas a maioria das reportagens que eu faço; principalmente se é para produzir, investigar, acaba sendo na área policial.

OBlumenauense: Qual foi a reportagem que mais te marcou tanto na rádio quanto na televisão?

Alexandre Pereira: As que envolvem crianças. Eu sou pai, e a gente fica sensibilizado, principalmente quando tem um acidente de trânsito. Por isso uma que me marcou bastante, foi a que aconteceu na BR-470, em Gaspar, com uma van escolar que ia para um parque temático e morreram cinco estudantes. Quando você chega à um local para fazer uma reportagem está focado no assunto, preocupado em levantar as informações. De repente você olha jovens e crianças envolvidas, onde 5 morreram. Isso acaba nos marcando.

Na área policial, foi quando cobri um homicídio em que envolve o filho que mandou matar o pai. Ou no caso da Rua Araranguá, onde a filha esteve envolvida no assassinato da mãe. Você não consegue entender o que leva um filho a planejar o assassinato de um pai ou mãe, e claro de qualquer outra pessoa.

OBlumenauense: Qual você considera o maior desafio de um repórter para conseguir os elementos na hora de preparar uma matéria?

Alexandre Pereira: Todo mundo quer reclamar dos problemas que acontecem, mas ninguém quer aparecer, jogando toda a responsabilidade para nós. Mas o jornalista precisa ir à campo. Hoje é muito cômodo ficar sentado no computador, olhando na internet e as mensagens que vem no telefone celular. Ou simplesmente se basear nos relatórios que recebemos da guarda de trânsito e da Polícia Militar. A maior dificuldade é ir a campo, porque muitas vezes não temos o tempo para isso. Assim é relatado apenas o que se recebe, não indo um pouco mais a fundo para saber o que aconteceu.

Todo mundo se sente meio jornalista, do tipo: “Ah, mas eu vi no Facebook. Mas não é bem assim.” Mas eu pergunto:qual é a responsabilidade de uma pessoa ao colocar uma informação no Facebook? Uma grande dificuldade é lidar com essa opinião a respeito dos outros sobre o que realmente aconteceu. Às vezes você lê: “Eu vi no Facebook de alguém e não foi assim como vocês falaram”. Mas nós fomos lá e vimos.

OBlumenauense: Você é blumenauense?

Alexandre Pereira: Sim, eu nasci no Hospital Santo Antônio em 20 de Abril de 1981, tenho 34 anos. Mas cresci no bairro Bela Vista em Gaspar. Estudei no Escola Estadual Arnoldo Agenor Zimmermann até o 2º ano, depois comecei a estudar na Escola Vidal Ramos em Blumenau. Apesar de morar em Gaspar e passar toda minha infância lá, jogando futebol em campinho de várzea, andando de bicicleta, nossa vida sempre foi em Blumenau. Aos 18 anos me mudei para cá, morando primeiro no bairro Ponta Aguda e depois no Garcia.

OBlumenauense: Ano passado você foi eleito presidente da Associação da Imprensa do Médio Vale do Itajaí. Com a internet, as pessoas ampliaram a forma de se comunicar com a sociedade, antes mais restrita ao jornal impresso, rádio e televisão. Qual você considera seu maior desafio e missão nesse papel?

Primeiro a responsabilidade de tocar uma associação com mais de 10 anos. Depois a responsabilidade de conduzir um trabalho que a Cristiane Soethe Zimmermann já vinha fazendo. Você tem que acompanhar a tecnologia, com sites como OBlumenauense, e o principal desafio que eu coloquei na cabeça junto com a equipe da Assimvi é unir a imprensa aqui da região. Não que somos desunidos, mas não nos conversamos. Acho que tem que ter mais integração do pessoal do jornal, rádios, televisão, os blogs, enfim, melhorar a comunicação entre os colegas de imprensa. Eu sempre digo, concorrência é para os donos.

Nós temos que ser parceiros, porque está todo mundo no mesmo barco. Isso eu acho que nós conseguimos fazer. A segunda meta que nós estamos trabalhando é melhorar a capacitação de todos através de cursos e palestras. Com isso todos vão ganhar, principalmente o leitor, ouvinte e telespectador. Eu acho que isso nós temos que brigar e correr atrás para conseguir. Mas já avançamos bastante e pretendemos continuar planejando coisas boas até final do ano que vem quando termina o meu mandato.