Por que é tão difícil fazer esporte em Blumenau?

Foto: Metropolitano / divulgação
Foto: Metropolitano / divulgação

 

Por Edemir Júnior e Sávio James

As modalidades esportivas profissionais de Blumenau vêm enfrentando várias dificuldades ao longo dos anos. Esportes como basquete, futebol, futsal, handebol e vôlei, os principais na cidade, encontram suas maiores dificuldades no setor financeiro, através da falta de apoio, e consequentemente falta de dinheiro para maiores investimentos.

O esporte profissional em Blumenau na sua grande parte carece de patrocinadores, seja pela crise econômica que o país vive, ou somente pela falta de interesse das próprias empresas. Para fortalecer o apoio ao esporte, o governo do Estado de Santa Catarina elaborou a LEI Nº 13.336, de 08 de março de 2005, referente à Lei de Incentivo ao Esporte profissional, que possibilita as empresas patrocinadoras do esporte, isenção em 5% de seus impostos. Apesar da existência desta lei, não se vê muitas empresas apoiando essas modalidades.

A empresa Joclamar Materiais Elétricos, patrocinadora do futsal e do futebol, através de seu porta-voz, Marcos Zata Borges, relata que existem grandes dificuldades para apoiar o esporte profissional blumenauense. “As empresas não investem no esporte profissional porque o retorno financeiro é muito pequeno, e o retorno ao patrocínio fica muito dependente do desempenho da modalidade. A modalidade tem que estar indo bem para o patrocinador ter melhores resultados”, alega Marcos.

Para Márcio Adriano, diretor comercial da Apan – Associação Professor Artur Novaes, além das dificuldades de conseguir patrocínio, a falta de apoio do poder público também é um grande problema. “Sem dúvida alguma há pouca participação do poder público no projeto. Lembramos que quando se fala em poder público não estamos falando exclusivamente de verbas de patrocínio, mas um apoio maior no auxílio da estrutura para atletas. Por exemplo, na disponibilidade de ginásio e na logística”, explica Márcio, elucidando o projeto da equipe blumenauense.

“Hoje, apesar do salário pago aos jogadores não serem altos, tentamos compensar com algumas bolsas de estudos, bolsa atleta, acesso à moradia e com a nossa estrutura. Lembramos também que o planejamento da Apan é fundamentalmente focado na formação de futuros esportistas. O que dificulta a efetivação desses jogadores é o baixo orçamento que estamos trabalhando. Na última Superliga B que disputamos tínhamos o sétimo orçamento em um total de nove equipes, mesmo assim nos classificamos entre as quatro melhores equipes da liga”, destaca Márcio Adriano.

Com a falta de apoio tanto de patrocinadores quanto do poder público, os salários dos técnicos, e bolsas dos atletas ficam comprometidas. Porém, para o técnico do Blumenau Basquete Feminino, João Camargo Neto, o baixo salário não afeta no desempenho dos atletas. “Acho que nós temos grandes destaques, apesar das dificuldades, não acho que a questão salarial seja um impedimento para o surgimento de grandes talentos, embora reconheça que se o atleta tem um bom retorno financeiro através da sua modalidade esportiva, isso agregaria muito mais valor”, salienta Camargo.

Com exceção do futebol, que necessita de uma estrutura muito maior que nos outros esportes, tanto basquete quanto futsal, handebol e vôlei têm boas estruturas para treinar e jogar. Na cidade, há várias quadras e ginásios, como o do clube da ADHering e do ginásio Sebastião Cruz, o popular Galegão. Para o técnico Serjão, do Apab Basquete, além das estruturas boas para treinos, o clube está constantemente melhorando sua parte médica. “Hoje, contamos com fisioterapia, exame de imagem, suplemento, yoga, enfim, tudo que um atleta precisa para desempenhar em alto nível seu trabalho”, revela o técnico.

Para o técnico do time de handebol feminino, Sergio Graciano, as estruturas são boas, mas falta destaque da mídia para as demais modalidades além do futebol e uma massificação do esporte feita pela prefeitura. “Somos a única equipe do país com mais de 70% dos atletas da cidade, e estamos a mais de 11 anos entre os quatro do Brasil na Liga Nacional. Isso sem ter muito apoio da iniciativa privada, mas tentamos sempre estar em alto nível, e sempre investindo na base”, ressalta o técnico.

 

O Público

MODALIDADE ESPORTIVA MÉDIA DE ESPECTADORES CAMPEONATO DISPUTADO CAPACIDADE TOTAL
APAN VÔLEI 400 PESSOAS SUPERLIGA B 550 (BARÃO)
BASQUETE APAB 580 PESSOAS LIGA OURO 3.200 (GALEGÃO)
BASQUETE FEMININO 450 PESSOAS LBF CAIXA 3.200 (GALEGÃO)
FUTEBOL 1.254 PESSOAS CATARINENSE SÉRIE A 3.154 (SESI)
HANDEBOL FEMININO 500 PESSOAS LIGA NACIONAL 1500 (SESI)

 

A média de público dos jogos profissionais em Blumenau afeta diretamente o desempenho da modalidade. Em sua grande parte, os torcedores presentes nas competições não chegam perto da metade da capacidade dos ginásios. Alguns esportes profissionais, por ter maior aceitação da população, não sofrem tanto com isso, caso do vôlei da Apan e do futsal.

Para Sidnei Batista, assessor de imprensa do Blumenau Futsal e do basquete Apab, o torcedor é movido a passionalidade: “Você descobre os torcedores fiéis nos momentos difíceis, enquanto nos momentos positivos a arquibancada contrapõe com um público de momento. Isso é uma realidade que ocorre em Blumenau, mas também é importante ressaltar que ocorre em qualquer canto do Brasil”, declara Sidnei.

Para explicar melhor o envolvimento da torcida com determinada modalidade esportiva, foi elaborada uma breve pesquisa na Fanpage de cada esporte, para mostrar quanto o morador de Blumenau se envolve com o esporte.

 

MODALIDADE

CURTIDAS

APAN VÔLEI 4.366
BASQUETE FEMININO 1.058
BASQUETE MASCULINO (APAB) 4.562
BLUMENAU FUTSAL 2.463
CLUBE ATLÉTICO METROPOLITANO 28.735
HANDEBOL FEMININO 5.576
HANDEBOL MASCULINO (FAE) 5.762

 

O envolvimento do morador blumenauense torna-se cada vez mais necessários para o sucesso do esporte profissional, mas não se pode deixar somente para o torcedor a responsabilidade de manter o sucesso da modalidade em que ele tem simpatia. Para o crescimento de forma igualitária será necessário contar com o apoio das empresas privadas, e com a centralização dos esportes em apenas um lugar.

Através do incentivo da prefeitura, mostrando que existem leis que beneficiam as empresas que apoiam o desporto profissional será possível observar as modalidades esportivas se desenvolverem melhor. Centralizar em um lugar só seria a principal ação a fazer para valorizar os esportes profissionais de Blumenau. Este lugar já existe, se chama ginásio Sebastião Cruz, o popular Galegão, e nele seria possível colocar mais de 3.000 pessoas, e com sua ótima localização, mais centralizada, tornaria o acesso aos jogos mais fácil. Porém, o ginásio não possui as medidas para jogos oficiais, o que dificulta essa mudança.

“Existe um estudo para que seja feito a adequação de medidas no Galegão, mas agora isso é um problema da esfera política”, afirma Sergio Graciano. Mudanças precisam ser feitas, principalmente da iniciativa privada, pois Blumenau no geral possui excelentes times nas modalidades que atuam.