Distração tecnológica pode interferir no trabalho

 

Por Débora Ferreira

Você conhece alguém que não faça parte de pelo menos uma rede social? Está cada vez mais difícil encontrar pessoas “desconectadas” e o que antes era apenas diversão, em alguns casos acaba interferindo nas relações e no desempenho profissional. Não há dúvidas de que a comunicação digital facilita a vida, mas o problema é que ela pode acarretar falta de concentração e de dedicação a questões que são realmente importantes.

Há quem não consiga se desligar dos avisos sonoros de uma mensagem no Whatsapp ou Facebook, outros checam constantemente a timeline para saber se alguém curtiu, comentou a foto ou se um amigo mandou recado. Não há problemas na ascensão das redes sociais, mas elas fragmentaram a atenção das pessoas e o impacto é maior dentro do ambiente profissional.

A ideia de que o cérebro é multitarefa é combatida por muitos especialistas. Se a pessoa faz várias coisas ao mesmo tempo, uma delas receberá maior foco e atenção, e as demais ficarão em segundo plano. “Costumamos achar que damos conta, mas poucas pessoas conseguem manter o bom nível de concentração ou retomar o foco rapidamente com distrações constantes. Após um estímulo como uma chamada no whatsapp, por exemplo, interrompemos a concentração na atividade executada e não retomaremos imediatamente”, explica a psiquiatra membro da Associação Catarinense de Psiquiatria, Deisy Porto.

O cientista americano Cal Newport estuda o impacto da tecnologia no trabalho e, de acordo com ele, a hiperconectividade prejudica as carreiras e impede o sucesso e a excelência profissional. O problema é a ascensão e a onipresença dessas ferramentas, que transformou em cacos a atenção dos trabalhadores.

Newport é o autor da filosofia “deep”, que prega o isolamento das distrações da vida moderna. Segundo ele, checar e-mails constantemente ou ver atualizações na timeline das redes sociais tomam um tempo excessivamente grande em troca de muito pouco e isso leva a um trabalho com menor valor agregado.

Para a psiquiatra Deisy Porto, não só trabalhadores devem se preocupar com o impacto negativo das tecnologias. “O cuidado com o impacto da hiperconectividade em nossas vidas deve começar muito antes. Crianças devem ter uso restrito e supervisionado, principalmente durante os estudos, já que a distração dos eletrônicos prejudica a atenção”, conclui a psiquiatra.

Caso perceba que está desperdiçando tempo demais com as redes sociais durante o trabalho ou estudos, experimente estipular intervalos longe dos aplicativos e observe a diferença no seu rendimento. E se estiver difícil sozinho ou os prejuízos forem grandes, procure o psiquiatra.